Lugares Comuns é uma instalação composta por dois momentos, na qual a cerâmica se torna a protagonista de uma viagem processual.
Afonso Morais convida-nos a habitar o lugar onde a sua prática começa e o lugar onde convoca a força da inspiração para se dirigir a novos portos.
«O quotidiano, a banalidade, o conteúdo repetido de várias formas e representado por diversas pessoas, tem o seu lugar na arte, na literatura, na vida. Na cerâmica, começam por surgir ideias semelhantes a tantas outras e tomam forma no barro pelas mesmas mãos que põem a mesa e que cortam o p~ao. Porém, como que uma fuga, surge um clamor pela originalidade, às musas e musos, um clamor para escapar ao padrão generalizado e repetido.»
Lugares Comuns é uma proposta de nos juntarmos todos à volta da mesa e reflectirmos sobre essa ideia de comum que vive naquilo que é uma comunidade, que está no ordinário, no quotidiano, e como ela, outrora, se contrapunha à ideia de originalidade.
Lugares Comuns é, também, o convite para, dessa reflexão sobre o passado e a tradição, passarmos a um horizonte potencial, no qual é convocada a figura de Vénus, figura de inspiração, mas também de força motriz de deslocamento da produção do ceramista.
«Uma inspiração em Vénus, para que no barro fossem múltiplas as formas procriadas e a sua atracção fosse o ímpeto para um pequeno passo que as poderão levar a outros lugares.
Texto e curadoria de Rossana Mendes Fonseca